sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Grite

Não, não é culpa sua,

a culpa é dessa sociedade

que não quer te ouvir.

Não, não é culpa sua,

a culpa é dessa sociedade

que não te deixa falar.


Então grite,

grite,

mostre para eles aquilo

que tanto quer falar,

mostre para eles a verdade,

que mesmo já conhecendo,

eles não querem ouvir.


Pare de mendigar teu pão,

admita para si mesmo

de que não precisa deles,

chega de abanar o rabo,

teus filhos terão vergonha

das suas atitudes mesquinhas,

chega de tanta opressão.


Não, não feche os olhos,

não imagine um mundo perfeito,

o mundo é uma droga alucinante,

sempre será assim,

não há como mudar,

então para que imaginar?

não existe uma perfeita perfeição,

é tudo muito irreal,

deixe tudo como está e venha,

vamos caminhar.


Talvez esteja na hora

de uma revolução,

jogue a venda fora e...

Grite!

Grite!

Talvez essa seja a solução, então...

Grite!

Grite!

Vamos fazer a nossa própria revolução.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Procura da Felicidade

Estou com medo. Há um constante barulho de água caindo, e isso me irrita. Minhas pálpebras estão pesadas, mas algo me impulsiona a escrever. Penso nas mil e uma burradas que já fiz, lembro-me da única pessoa que me amou verdadeiramente, de como massacrei seu pobre coração com minhas próprias mãos. Crueldade? Costumo chamar isso de inocência, eu era só uma criança e não sabia o que estava fazendo.

Fecho os meus olhos, permaneço assim por alguns segundos, posso enxergar cada uma das pessoas que amo diante dos olhos, sinto afligir-me o peito, por quanto tempo conseguirei mantê-los em minhas mãos? Solidão. A palavra soa-me forte demais, então é assim, no final a gente sempre acaba ficando só, então... Por que temer? Já devíamos estar acostumados, não?

“Talvez você não consiga aquilo que realmente quer...”, assim dizia o meu bom e velho amigo Renato, rio só, era para ser depressivo, mas não, não consigo conter um leve e curto sorriso. Se ao menos soubesse aquilo que realmente quero... Se tivesse coragem de admitir para mim mesma... Se, se, se... A frase ressoa um pouco mais forte em meus ouvidos, mas meu corpo inerte se recusa a ouvir qualquer coisa, por menor que ela seja.

Sinto-me hipócrita, estou numa constante disputa, disputo contra meus melhores amigos e a troco de quê? A troco de nada, no final ninguém saberá quem venceu, ninguém vencerá, chegaremos todos no mesmo ponto, uns primeiro, outros depois, mas, que importa? Todos chegarão lá, mais cedo ou mais tarde todos chegarão. Fico imaginando o que é pior, errar e achar que está certo ou errar mesmo sabendo estar errado, ir contra seus próprios ideais. Não sei ao certo, mas sei que é isto o que me torna hipócrita.

Quero fugir, fugir de mim mesma, ir para alguma casinha de sapê no meio do nada, longe de tudo e de todos, uma dessas casinhas de madeira e telhado de palha, só eu e o nada. De essencial, apenas os livros, alguns papéis e um lápis, o resto não passaria de banalidades. Quero sentir a chuva molhar meu corpo, lavar minha alma; quero sacudir os pés no riacho; sentir o vento bater no meu corpo, sacudir meus cabelos; quero o sol queimando minha pele; colher as flores molhadas de orvalho pela manhã; ver o pôr do sol, sentada numa cadeira de balanço, na varanda de casa; sentar-me a beira de uma fogueira, ao som de um violão, viola, gaita ou, simplesmente, uma flauta doce, deixar que apenas as estrelas cubram o meu corpo; no mais completo vazio, na mais completa solidão.

Alguns dizem que meu sonho de consumo é pequeno demais, que é bem simples ou que não passa de uma forma de tentar fugir dos meus problemas, outros, que desejo o paraíso, mas há também quem diga que devo estar ficando louca, eu, digo apenas que quero ser feliz.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Homenagem ao único homem que foi capaz de me conquistar

Essa foi escrita no dia dois de agosto de 2010


Saudade dói no peito,

A tristeza me consome

E eu já nem procuro

Esconder-me atrás das máscaras,

Você é o remédio que insistem em me negar,

A droga que vicia minha alma...

Torturam-me ao tentarem

Fazer com que eu te esqueça,

Mas eles não entendem que você é o único remédio,

O remédio que eu não posso ter,

Você é a cura de todos os meus males,

Mas nem mesmo você parece crer...

O tempo parece não passar

E ainda escuto as palavras

Que tanto me fizeram chorar,

São elas que embalam minhas noites melancólicas,

Como se quisessem me culpar

Por um erro de criança,

O erro que até hoje não sei ao certo

Se realmente cometi,

O mundo inteiro gira ao meu redor,

Um mundo insano,

O mundo que eu mesma projetei

E que agora já não faz sentido algum,

Sei que estou sozinha agora

E por mais que eu grite ninguém irá me ajudar,

Revelei meus pontos fracos para o pior dos meus inimigos,

Agora me resta esperar...

Está tudo escuro agora,

Mas em breve você virá me iluminar...

Esteja onde quer que esteja

Que sejas sempre feliz,

Mesmo que assim... Tão distante de mim;

Entregarei meu último riso em tuas mãos,

Na esperança de ver dos teus lábios

Algo que se assemelhe a um sorriso,

Que este dia seja bom para você,

Mesmo que corroa todo o meu interior,

Pois meu maior prazer, mesmo que através da dor,

É saber que teu rosto expressa a mais perfeita alegria,

Que tenhas um Feliz Dia dos Pais,

E que teu riso venha a ser tão intenso

A ponto de iluminar o meu caminho.

sábado, 30 de outubro de 2010

O grito

E que o grito

não seja muito alto

para não acordar os anjos

que ainda dormem.


E não se ouvia o chilrear dos pássaros

e nem o canto dos insetos,

e o mundo inteiro foi tomado

por uma síncope de palavras,

e não sabiam que aquele

foi o maior de todos os protestos.


...e até parece

que em fila,

vamos todos

nos suicidar!


A verdadeira poesia

não mais está

nas mãos dos poetas,

mas nas mãos de cada criança.


São minhas lágrimas

que esfriam

cada vez mais

o sol que tenho

no coração,

tanto que meus lábios

já nem sorriem mais

e meu rosto,

pouco a pouco,

toma uma expressão vaga...

meus passos,

cada vez mais lentos,

me levam a lugar algum;

e do sol, agora,

resta apenas

uma réstia de luz.

domingo, 3 de outubro de 2010

"Bye bye" Ana Laura, Ana Laura "bye bye"

É engraçado como alguns fatos ficam tão bem gravados em nossa mente. Eu ainda lembro-me bem da Ana Laura; aqueles olhos negros, tão calmos e agitados – com certeza eram eles que a transformara numa espécie de ninfa -; seus cabelos encaracolados, tão negros quanto os olhos, seus grossos lábios vermelhos assemelhavam-se a cor de uma maçã, possuía um sorriso lindo que me fascinava, era um sorriso curto, leve, que mal se podia notar, tinha uma pele quase branca, meio rosada – ela era linda.

Namorava um tal de Júlio, sujeito ciumento, parecia querer puxá-la por uma coleira, mas ela prezava muito sua liberdade, uns dos motivos de suas freqüentes brigas. Confesso que eu e outros garotos amávamos quando isso acontecia, pois partíamos feito gaviões para cima dela, mas infelizmente ela amava-o demais.

Mas vamos ao que interessa, o fato era que – como já disse -, Júlio era muito ciumento e vivia implicando com o fato de Ana Laura ter um admirador secreto, que para ele não era tão secreto assim. Certa vez ele a ouvira comentando com as amigas sobre o admirador, quase foi à loucura , queria, se pudesse, esgana-la, acusou-a de traição; afinal, ele nunca acreditou muito nesse admirador. Era o cúmulo. A única coisa que se passava em sua cabeça era que não poderia tornar-se um “corno”, não, não ele.

Desta vez quase terminaram, ela nunca o havia traído, e aquela acusações a feriram muito; mas como sempre ele acabou arrependendo-se e ela perdoando-o. Nós achávamos isso um absurdo, ma ela nunca ouvia nenhum de seus amigos.

Numa manhã de agosto, Júlio recebeu um pequeno papel um tanto amassado, deixaram-no junto com as cartas, era mais ou menos assim:

“Ela será minha,

inteiramente minha...

Isso é apenas

um aviso J.C.”

A carta não tinha remetente, aquilo foi-lhe com um golpe, resolveu ir caminhar, nem ao menos passou por sua cabeça que aquele bilhete poderia ter sido direcionado ao irmão mais novo, João Carlos, que disputava a posse de uma bola com o amigo, era “ela” seu maior tesouro.

Naquele mesmo dia, chamara Ana Laura para ir à uma cachoeira que havia em nosso bairro, estava calmo, não parecia nada com o Júlio que me causava calafrios, o mesmo que a algumas horas havia saído de casa com os olhos cheios de sangue.

Ana Laura não queria muito ir, mas a tarde fresca, o sol preguiçoso e a chuva de flores de ypê, acabou por convencê-la. Iam de mãos dadas, eram dois adolescentes a sorrirem e correrem pelo arvoredo. Na mochila de Júlio algo refletia a luz do sol.

Sacudia os pés na água, seus olhos estavam fixos, disse num tom um tanto baixo que a forma na qual a água corria era maravilhosa, Júlio pareceu não ouvir, veio se aproximando lentamente, abraçou-a pelas costas, Ana Laura soltou um grito pavoroso, um pequeno punhal de prata fora cravado em seu seio.

Aquela fora uma cena pavorosa, a qual causava-me um certo tipo de nostalgia, era angustiante ver os olhinhos de Ana Laura cheios d’água, numa expressão vazia, como a perguntar o que estava acontecendo, sua pele empalidecia aos poucos; Júlio sussurrava aos seus ouvidos que precisava fazer isso, que ela tinha de ser só dele, apenas dele; enquanto fechava os olhos vagarosamente, Ana Laura balbuciava: “Eu te amava... eu sempre te amei.” Um pequeno filete de sangue se misturava as flores de ypê, ao formar uma pequenina poça.

Júlio soltou o corpo já sem vida, toda sua cabeça era um turbilhão de pensamentos; corria e chorava freneticamente, enquanto balbuciava que precisava fazer aquilo, não poderia dividi-la jamais, ela era dele, apenas dele. Àquela altura já estava escalando uma enorme pedra, ao chegar ao topo, bradou: “Eu vou te encontrar Ana Laura, viveremos juntos para sempre... para sempre.” Seu corpo pendia no ar, em pouco tempo se encontrava com a água gelada da cachoeira.

No dia seguinte o corpo de Ana Laura era velado sobre uma enorme pedra às sombras de um grandioso ypê, logo ao lado da cachoeira. Estava pálida, trajava um vestido indiano branco, seus lábios possuíam um sorriso leve e curto que me fascinava, agora eterno. Havia uma chuva de flores de ypê, uma brisa leve nos envolvia, o sol se espreguiçava lentamente. Nós formávamos um grande coral, em sua maioria adolescente e enquanto atirávamos rosas nas águas, cantávamos baixinho:

- “Bye bye” Ana Laura, Ana Laura “bye bye”...

Dos nossos olhos escorriam lágrimas, fora a despedida mais dolorosa que já presenciei.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

vontades

Queria poder viver,
Sem ter medo de morrer;
Queria poder sonhar alto,
Sem ter medo de cair;
Queria ir para o espaço,
Sem ter que encontrar um buraco negro;
Queria falar com as pessoas,
Sem magôa-las;
Queria poder cantar,
Sem explodir os ouvidos alheios;
Queria poder sorrir,
Sem ter medo de chorar;
Queria me deixar ser levada pelo vento,
Sem me preocupar com meu destino;
Queria viver a vida de um modo mais simples,
Ou pelo menos entender suas complicações;
Queria poder chorar,
Sem medo do que vão pensar;
Queria ter alguém de volta,
E não o machucar como o machuquei;
Queria te dizer o quanto eu te amo,
Sem ter medo de ouvir o que você irá dizer.

Você

Olho o pôr do sol,
Sinto meu coração pesado,
Uma angústia invade meu ser.


Já não consigo lembrar,
Da sua voz com exatidão,
Já faz tanto tempo...
Mesmo assim não consigo entender,
Por que você se foi.


Mexo em suas coisas,
Tudo ainda está como você deixou,
Ainda posso sentir seu cheiro,
Que vem me embriagar
E que me alucina;
Me dando a ilusão de você ainda estar aqui.


E por mais que me machuque
Olho sua foto todos os dias,
Com medo de me esquecer,
De sua fisionomia,
Mesmo que por um segundo.


E por mais que eu tente não chorar,
As lágrimas insistem,
Em rolar sobre meu rosto,
E um desejo imenso,
De tocar sua face
De te abraçar, invade o meu ser.


Vejo a linha do horizonte
E me pergunto se ele realmente,
Marca o horizonte,
Ou se na verdade
Separa a vida da morte.


As estrelas já vão aparecer,
Mas não te procurarei entre elas,
Já não posso continuar
A me iludir desta forma.

Vejo-me caminhando sozinha,
Sem rumo e sem direção,
Sem seus pés para me guiar
E sem seus olhos para
Iluminar a escuridão.


E eu... eu não consigo entender
Por mais que tente,
Por mais que me esforce,
Não posso entender porque você se foi,
E eu... eu te amo tanto, tanto...
E jamais vou te esquecer.