domingo, 28 de agosto de 2011

E de repente colocamos os pés no chão, assim, de súbito, abrimos os olhos, acordamos, e como dói a realidade. Perceber que a ilusão acabou sempre machuca, sempre fere; talvez seja por isso que os românticos vivem a sonhar, que o socialismo tenha se iniciado com a utopia.



Aí vem aquela vontadezinha de chorar que a gente sempre segura, porquê, afinal, não vale a pena, já se passou tanto tempo... Por que agora? Mais fácil fingir que tudo está bem, afinal, a realidade sempre pode ser camuflada, não foi sempre assim? Não vivemos cobrindo-a com trapos velhos? Cobrimo-la então mais uma vez.



Pior saber ter acordado, é o medo de que também acordem aqueles que, um dia, fizemos dormir conosco. O medo do julgamento e, que ironia, da reprovação. Talvez fosse preferível ter guardado o sonhopara, e somente, nós mesmos, pois, assim, quand acordássemos, acordaríamos sozinhos. Agora ter de trancafiar os lábios e levar o oculto para o túmulo, parece ser uma tortura lastimável.



Mas que importa? Acaso o erro foi nosso para que soframos assim? E se oi, quem realmente irá ligar? Quem realmente ligou? Por que torturar-se assim? Quem foi que disse que, para eles, faz diferença dormir e acordar? Entre colocar ou não oe pés no chão? Preocupemo-nos por ora com a nossa própria dor.



Então, por que não acreitar, só por essa vez, que o sonho é real? Faz de conta que aconteceu, dormir novamente não deve ser tão difícil. A gente acredita e pronto. Quem precisa saber que a nossa realidade é uma farsa? O erro fora deles, não nosso; foram eles que esqueceram de desenhar as letras. Por que abrir o baú guardado já há tanto tempo? Por que chorar pelo que ninguém mais lembra? Quando tão mais fácil é fechar os olhos e continuar andando.